segunda-feira, 22 de junho de 2009

Descoberta do efeito estufa faz 150 anos

Ilustração: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul


A teoria do efeito estufa acaba de completar 150 anos, mas seu potencial de gerar controvérsias continua vigoroso.

A prova de que alguns gases, como o gás carbônico e o metano, agem como reguladores da temperatura da Terra foi apresentada em 1859 pelo químico irlandês John Tyndall. Desde então, diversas pesquisas buscam determinar como a temperatura do planeta responde ao aumento da concentração desses gases - os gases-estufa.

Existe consenso de que a elevação dos níveis de gás carbônico causou um aquecimento anormal no último século. No entanto, há ainda incertezas sobre o ritmo com o qual os termômetros reagem a essas alterações na concentração.

O aumento total da temperatura da Terra caso a concentração de gases-estufa na atmosfera duplique é conhecida como sensibilidade climática. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o IPCC, afirma que dobrar o CO2 em relação à era pré-industrial pode causar elevações de 1,5C a 6C na temperatura global. Uma considerável margem de erro.

É esta faixa de incerteza que mantém acessas as disputas sobre metas para redução de emissões. Enquanto alguns especialistas afirmam que a temperatura perderia o controle se a concentração de gás carbônico ultrapassasse 450 partes por milhão (ppm), diplomatas usam o limite de até 550 ppm nas negociações do novo acordo climático na ONU.

O climatologista Peter Stone, do Instituto de Tecnologia de Massachussets, autor de estudos sobre sensibilidade climática nas últimas décadas, afirma que as dúvidas sobre o funcionamento do efeito estufa ainda persistem porque não há conhecimento suficiente sobre o papel das nuvens e dos oceanos no clima. Ambos ajudam a alterar o balanço do calor retido na Terra: as nuvens podem tanto refletir radiação quanto ajudar a retê-la.

Já os oceanos absorvem o calor, retardando o aumento dele na atmosfera. "A sensibilidade climática é normalmente definida como uma mudança no equilíbrio. Quanto a temperatura da superfície terrestre precisa aumentar se dobrarmos a concentração de CO2 para que o sistema climático atinja equilíbrio? O problema é que não temos observações globais para saber o quão longe estamos do equilíbrio", diz Stone.

Pioneiro - Mike Hulme, professor da Escola de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia (Reino Unido), explica que foi John Tyndall quem iniciou, em junho de 1859, a linhagem de cientistas que passou a estudar a sensibilidade climática.

O químico sueco Svante Arrhenius, o primeiro a calcular, em 1896, o potencial de aquecimento atmosférico com o aumento de CO2, citou Tyndall em seu artigo "por ter apontado a importância da questão".

"Na época o experimento de Tyndall não teve um grande impacto, não revolucionou, como alguns meses depois faria a teoria de Darwin. Foram necessários mais 40 anos até que Arrhenius tentasse quantificar a relação entre gás carbônico e temperatura", diz Hulme. O experimento do cientista irlandês ocorreu seis meses antes da publicação de "A Origem das Espécies", por Charles Darwin.

Durante sete semanas, entre abril e maio de 1859, Tyndall testou de que forma alguns gases permitiam que a radiação do Sol penetrasse a atmosfera mas conseguiam barrar depois o calor emitido pela superfície terrestre em forma de raios infravermelhos. Ele buscava provar especulações feitas por físicos nas décadas de 1820 e 1830 como o francês Jean-Baptiste Fourier, de que algo na Terra ajudava a reter o calor.

O experimento de Tyndall consistia em testar diferentes concentrações de vapor da água e o chamado "gás-carvão", uma mistura de CO2, metano (CH4) e hidrogênio, e quanta energia era absorvida. Para tanto, ele usou fontes de calor que emitiam a radiação infravermelha dentro de um tubo onde dosava diferentes concentrações dos gases, medindo a energia que passava com uma pilha termoelétrica (que funcionava à base de calor).

Correspondências da época mostram que Tyndall estava particularmente intrigado pela teoria de Louis Agassiz, lançada em 1837, sobre os sucessivos períodos de glaciação na Terra.

Cético de si mesmo - Nos artigos que escreveu entre 1859 e 1866, após provar as propriedades dos gases de efeito estufa, Tyndall descartou que mudanças nas concentração de gases estufa, isoladamente, seriam capaz de determinar as eras glaciais. Hulme diz que Tyndall chegou a inferir a relação direta entre o possível aumento na concentração de certos gases e o aquecimento do planeta, sem destacar, no entanto, que isso ocorreria por resultado da ação humana.

Após os cálculos de Arrhenius, outros pesquisadores seguiram buscando relacionar temperatura e concentração dos gases. O britânico Guy Callendar foi o primeiro, em 1938, a argumentar que a queima de combustíveis fósseis elevaria o gás carbônico a um nível capaz de alterar a temperatura global.

A ideia foi refutada na época. Demorou ainda quase 70 anos para que cientistas reunidos no IPCC colocassem, em seu quarto relatório, que com 90% de certeza o homem estava interferindo na temperatura global.
(Fonte: Folha Online)


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terça-feira, 9 de junho de 2009

I Seminário de Agroextrativismo no Cerrado

Acontece no próximo dia 18, em Brasília, o I Seminário de Agroextrativismo no Cerrado. O evento acontece paralelamente ao III Seminário de Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Alto Tocantis. Entre outras coisas, serão discutidas práticas de sustentabilidade, a importância do cerrado, sua conservação e seu desenvolvimento. Abaixo o cronograma do evento e os contatos para os interessados em se inscrever.


Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados (Praça dos Três Poderes, Palácio do Congresso Nacional, Brasília -DF


III Seminário de Desenvolvimento sustentável da Bacia do Alto Tocantins e I Seminário de Agroextrativismo no Cerrado
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E USO SUSTETÁVEL DO CERRADO


18/06:
08h- Recepção e credenciamento
09h- Mesa de abertura com as autoridades presentes
10h20- Relato das atividades propostas no II Seminário
11h- 1ª Mesa: O olhar da mídia sobre o Cerrado
Lançamento do programa de Capacitação em Agroextrativismo no Cerrado
14h- 2ª Mesa: Oportunidades e Capacitação em Agroextrativismo no Cerrado
16h- 3ª Mesa: Cerrado: conservação e desenvolvimento

19/6:
09h- 4ª Mesa: Estudos Integrados das Bacias Hidrográficas
11h- 5ª Mesa: Experiências de Uso Sustetável do Cerrado Boas Práticas
14h- 6ª Mesa: Comitê da Bacia do Alto Tocantins e Comitê do Tocantins Araguaia
16h/18h - Encaminhamentos
INSCRIÇÕES GRATUITAS E VAGAS LIMITADAS. INFORMAÇÕES:
ecodata@ecodata.org.br (61) 2104.4444


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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Eles não falaram

por Marina Silva


Foram duas horas, na casa de meu avô, no antigo seringal Bagaço, no Acre. Meu pai não tirava o ouvido do rádio, segurando o botão para manter a frequência e melhorar o chiado, a outra mão agarrada à tábua que era o suporte do aparelho. Equilibrava-se ora num pé, ora noutro, sem arredar um minuto. Ele acompanhava a transmissão da posse do general Garrastazu Médici na Presidência da República, em outubro de 1969. 

A criançada ao lado, em silêncio, sabia só que estava acontecendo alguma coisa muito importante. Quando terminou, meu pai desligou o rádio, soltou os braços ao longo do corpo e olhou para minha mãe: "Ele não falou nada do aumento do preço da borracha". Na semana passada, me vi tendo a mesma reação de desânimo de meu pai. Li atentamente as entrevistas do presidente Lula e do ex-presidente Fernando Henrique à revista "Época" sobre as perspectivas do Brasil para 2020. E eles não falaram nada do meio ambiente. 

Para não dizer que não tocaram no assunto, um o abordou ainda como problema, e o outro como exemplo de um tema novo da globalização. Mesmo assim, "en passant". Claro, trataram de temas importantes, demonstraram ser duas das mais importantes lideranças brasileiras, mas ambos estão na agenda do século 20, não tangenciaram a mudança de perspectiva que é a marca do século 21. 

Os dois presidentes já tomaram iniciativas importantes na área ambiental, ambos têm discursos bem formulados a esse respeito, mas no improviso, parece que a coisa não vem de dentro. Parece não estar no cerne de sua concepção de futuro.

Não reconhecem no Brasil, mais do que em qualquer outro país, o território propício ao surgimento de um modelo de desenvolvimento capaz de fazer a fusão concreta da justiça social sempre procurada, da dinâmica econômica e da dinâmica ambiental. No momento da decepção de meu pai, a empresa extrativista na Amazônia entrava em total decadência.

As fazendas começavam a ocupar espaço, a campanha "integrar para não entregar" entrava no ar, fazia-se propaganda para a compra de terras na região. Um mundo entrava em colapso, e quem havia passado a vida dentro da mata se sentia perdido. 

Hoje, em âmbito incrivelmente maior, estamos num sistema em decadência e, novamente, não se tem uma visão estratégica de futuro, com sustentabilidade. O modo dominante de pensar está ancorado em questões compartimentadas. Há uma enorme dificuldade em reconhecer no ambiente natural o eixo integrador, a fonte dos limites, das oportunidades e do rumo que deve tomar a mudança estrutural que é a tarefa civilizatória do nosso século. 


editorial publicado no jornal Folha de S.Paulo no dia 01/06/2009


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